quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Travessia do deserto



A grande questão que eu coloco é apenas e só :Estou perto ou ainda falta muito? Eu explico.Esta «experiência» estranha que estou a passar há já 13 meses tem sido uma verdadeira montanha russa em todos os aspectos. Fisicamente,emocionalmente e até intelectualmente nunca tive um periodo tão raro desde que nasci e já lá vão 35 anos. Nunca querendo fazer disto uma coisa transcendente até porque há pessoas que passam por coisas muito,mas mesmo muito piores, estaria a mentir se não confessasse que isto me marcou e concerteza mudou muito a minha perceção de muita coisa. Espero que como pessoa me tenha feito bem. Obviamente que fisicamente não me mudou para melhor.Deixou-me principalmente a perna esquerda em muito mau estado,marcas de «guerra» por todo o corpo e obrigou-me a parar completamente com a consequente transformação fisica durante muito tempo. Demasiado tempo diria eu que era realmente um optimista exagerado no inicio da recuperação. Pensava eu que ao fim de 2/3 meses estava aí de regresso fresquinho que nem uma alface.Agora após um treino de paciência até me rio desse periodo !
Na semana passada tive a tal consulta porque tanto ansiava com os médicos que me operaram.E se alguém em que tenho de «confiar» é neles ! Precisava mesmo de saber em que ponto estava. Pois bem. Vim de lá esclarecido finalmente.E o veredicto até que nem foi mau.O que interessa primeiro é se a recuperação está a correr bem : Veredito - Até mais rápido do que o normal. E as dores ? Veredito - Então voçê com uma fratura exposta grave da tibia e do perónio queria o quê ?! Milagres? E eu : Sei lá. Só quero é poder começar a exercitar-me normalmente sem quaisquer tipo de condicionates. Há tá bom sim senhor mas para isso ainda vai ter que ter mais um bocadinho de paciência pois só o tempo pode tratar o que falta. Ou seja mais uns mezinhos e isso fica quase como novo...
Pois...o que eu sinto é que o deserto está quase a terminar mas mesmo assim ainda não vejo nenhum sinal de civilização por perto. E assim sendo não é possivel planificar seja lá o que for.Voltando a minha «costela« otimista eu diria que o mais importante é cá andar e com saude e a familia por perto.O resto a gente vai levando como dizem os brasileiros. Na certeza porém que num campeonato de paciência eu estou a ficar muito muito forte e experiente. Hoje corri 40 minutos (não preciso de dizer muito lentos pois não) e foi realmente dos piores dias de ultimamente. Comecei cheio de dores e terminei a coxear. Mas psicologicamente virei-me para a dor e disse-lhe :
Mas é só isso que és capaz ? Amanhã vais ter que fazer muito pior pois eu não vou parar. O culpado disto é o médico.Então ele não me disse para correr à vontade que não fazia mal nenhum (partir não parte com os «andaimes» que lá estão)e que eu ia acabar por perceber qual o grau de dor que vou conseguindo suportar ? Pois eu estou a aprender rápido Sr Dr. E só pergunto a toda a hora.Onde é que será o primeiro Ironman que farei ? Há pois...

3 comentários:

sica disse...

Força Homem, gostei do espirito e da determinação, dá trabalho exige esforço e dedicação, mas quem disse que ia ser fácil?
A civilização está logo ali à frente, vais ter que te aguentar com a pouca água que ainda resta no cantil até ao fim da travessia.
O que não nos mata, torna-nos ...
um abraço , vê lá se vais apoiar o pessoal a Belém.

Miguel Andrade disse...

Ricardo,

Pain is temporary...

Muita força!

Fernando Carmo disse...

Sempre te vi como um "puto" (iniciados do ACP... :-) de enorme determinação.

Tens aqui a tua provação, a qual. tenho a certeza, irás superar com distinção!

Abraço e até breve, numa prova, algures por aí.